Peça de Carlota Zimmerman (1986), inquieta e provocativa porque, embora reconheça a sexualidade como um dos territórios mais livres de nossa época, discute e denuncia a heteronormatividade conservadora moralista e repressora, dentre outros conceitos, que a “aprisiona” e a coíbe.

direção: Djalma Thürler



atores: Duda Woyda e André Carvalho

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

jogos de espelhos, imagens fortes, tensões, medos, histórias, gestos, palavras

por PAULO GARCIA


O MELHOR DO HOMEM – um ESPETÁCULO CATÁRTICO, assim define o diretor Djalma Thürler sobre a encenação da peça na Bahia.

A remontagem baiana coroa imagens fortes do universo homoerótico masculino, mas com elos de reflexão sobre a subjetivdade – tensões, medos, histórias, gestos, palavras – afetos aprisionados e libertos ao mesmo tempo. Os corpos são texturas afinados pelo conflito existencial, não apenas representados pelos eus sobreexpostos em suas intimidades, mas são deslocados pelas linguagens que falam dele se expressam-nos pela via do diferente – amor que deixa ser visto, com a passionalidade, o desejo de posse, de sujeição, de violência.

Escrito pela norte-americana Carlota Zimmerman, O Melhor do Homem tem na direção de Thürler o jogo que não se esconde, mas é permeado de ludismos que se mostram no efeito real do texto, ou seja, não se trata de um mero realismo, mas de uma encenação em que nós (público, intérpretes, por assim dizer) somos atados ao plano do vivido ali representado, como se no palco sentíssemos, tocados e afetado por choros, alegrias, afetos, desejos, dores, histórias, mas com os ajustes compostos por um olhar que desmembra a experiência do espetáculo de si.

Se há lirismo em O Melhor do Homem, é porque ele pode ser visto pelos en-cantos das falas das personagens homens, nos decursos dos gestos, olhares, sentido, imagens, jogos de espelhos em que dispõem o diretor frente ao texto, deslocando-nos nos versos e reversos dos atores e nos quais os personas a postos convocam-nos inúmeras vezes o eu a ser, a reconstituir a si sobre as fronteiras. Com isso, os silêncios são permitidos e ganham outras feições mobilizadas pelos valores estéticos e, principalmente, éticos diante das regências da sociedade contemporânea.

GUSTAVO OLIVEIRA

FOTOS TIRADAS POR

GUSTAVO OLIVEIRA

-- FESTIVAL BAHIA EM CENA --

TEATRO MOLIÈRE
(Aliança Francesa)